Cremilda
e Rosilda se reencontram depois do carnaval com a pergunta clássica:
- Acredite se quiser, me acabei no
carnaval!
- É mesmo, Rosilda?
- Quase de desidratar! Corri blocos. bebi, com
fantasia e tudo que tinha direito.
- Olha só... e de que você se fantasiou?
- Pedrita. Ossinho na cabeça, blusa de
oncinha e tudo...tudo improvisado.
- Quero ver isso, as fotos heim? E com quem
você foi?
- Com três da turma do chopinho e a
titia Rosa.
- Tia Rosa, olha só, senhorinha
animada, heim?
- O quê?! Nem imagina!
- Beleza...
- Até arranjei um
carinha na terça-feira no Clube. E acredite, fantasiado de Barney!
- Não, mais perfeito impossível!
- Nada, pra variar, casado...
- Casado, como soube?
- Quando perguntei negou, mas a marca de aliança no dedo é infalível.. Mas tudo bem. Brincamos o tempo todo de parzinho,
demos uns amassos . Coisa de carnaval, não ia adiante mesmo,
sabe como é...
- Sei. Ahã...
- Aí na hora de ir embora, tava me despedindo,
não é que se ofereceu pra me levar? Eu disse que tava com a titia e as
meninas...
- E ele desistiu?
- Nada! Falou que levava todo mundo.
Tinha carro, não custava. Aí eu não tive como recusar. No banheiro, a
Lurdinha com sua sutileza falou "deixa de frescura, na sua idade, lavou tá
novo..."
- Hahaha! Novo é exagero, né?
- Aí pegamos carona... E aconteceu o que eu temia, por mais que eu quisesse descer primeiro, ele fez um itinerário pra
me deixar por último.
- Hum, isso é clássico.
- Pois é, o Barney não era de desistir fácil,
fiquei sem saber o que fazer, e se fosse um cara sei lá, maluco...?
- Verdade, todo cuidado é pouco.
- Deixou todas em casa, elas se
despediram apreensivas,a tia Rosa com cada olho,
gesticulando "me telefona", toda hora.!
- Natural.
- Aí ele deu umas voltas por lugares meio
desertos, procurando parar, ate´que reparei q estávamos sendo seguidos.
- Santa mãe! E aí?
- Aí eu disse "acho que estamos sendo
seguidos".
- E ele...?
- Sorriu e disse que era policial e andava
com escolta.
- Vixe!
- E que estava jurado de morte.
- Mentira, pára, Rosilda!
- Espera! Tem mais. Senti umas coisas duras no
chão do carro.
- E que coisas eram?
- Armas.
- Armas? Jesus|!
- Eram, perguntei ele acabou dizendo que
precisava andar com elas...
- Eu ia ter um troço!
- Mas eu tive um troço! Vê se
eu ia ficar rodando por aí com um cara cheio de arma no carro e
escolta!
- É mesmo...
- Me ocorreu uma ideia. lembrei que na hora que fui ao
banheiro no clube, tirei o osso da fantasia e esqueci lá.
- Mas o que é que tem o osso?
- Foi a desculpa pra pedir que me levasse de
volta ao clube, entende? De lá eu fugiria dele, era mais fácil.
- E ele?
- Ficou chateado, disse "que importância
tinha um raio de um osso que merecesse ir buscar"?
- E você?
- Eu disse que era um osso de
família!
- Olha, Rosi, já vi tudo de
família que você pode imaginar, menos um osso!
- Mandei que era osso de estimação
de meu avô, uma fantasia de viking de 1930.
- Ah tá.
-Estava com medo do manjado
"dá ou desce"!
- E convenceu?
- Mais ou menos, ele contrariado acabou me levando
até lá. Fiquei dando um tempo, procurando o osso. .Aí vi que ele, esperando lá fora, perdeu a paciência e foi embora com uma arrancada brusca, o comboio atrás.
- Que situação!
- Pior que não
achei o osso, é claro. Com certeza descartaram.
- E você o que fez?
- Os empregados do clube estavam guardando
as cadeiras, sem entender nada do que eu fazia ali, aquela Pedrita sozinha, sem
osso. Eu perguntei por acaso "vocês viram um osso por aí?" pra
justificar minha presença.
- Ninguém entendeu nada, né?
- Eles se e me olharam com cara tipo
"senhora, o carnaval já acabou". Peguei o celular e chamei o Uber,
-Que sorte!
- Ufa me livrei do Barney-polícia ou bandido, sei lá!
- Graças a Deus, heim!
- E assim a Pedrita se salvou de um
troglodita... Bendito osso!
- E como se chamava afinal esse
"Barney"?
- Como ele se chamava? Boa pergunta!
- Haha, nem sabe!
- Não faço ideia.
- Coisas do carnaval.
-Coisas de carnaval
Metade baseado em fatos reais

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